O livro Carcereiros, escrito pelo médico Drauzio
Varella, já conhecido pelo seu outro livro chamado Carandiru, que se tornou um
dos melhores filmes do cinema brasileiro. Ele trabalhou durante muitos anos
como médico voluntário dentro dos presídios paulistas e, com isso, fez muitos
amigos lá dentro, além de ouvir e passar por diversas histórias, que ele relata
em seu novo livro.
São histórias que nos deixa estarrecidos, acho que
muitos de nós nunca pensamos na vida dos carcereiros: como chegam a esse posto,
porque escolhem isso, como lidam com os presos, com a polícia, enfim, com o
sistema.
Muitos deles vieram de vida simples e prestaram
concurso para tentar uma vida mais amena e muitos deles nem sabiam o que iam
encontrar, outros passaram tanto tempo na carceragem que conseguiram ver o
quanto a polícia e os tipos de presos, além do respeito pelos seres humanos
mudaram.
Todos eles passaram por rebeliões, alguns por
sessões de tortura, outros eram amigos dos presos, o que era uma boa tática
para não serem agredidos no dia a dia. O autor faz uma comparação desses
carcereiros juntamente com a vida dos presos, pois, por mais que eles saiam de
lá e vivam suas vidas depois do dia de trabalho, eles ficam presos, naquele
ambiente insalubre, sem vida, cinza, vendo vidas que vão passando, pois muitos
dos presos são jovens e ao invés de terem uma vida de liberdade estão
encarcerados e perdendo os melhores de seus anos.
Além das histórias muito bem escritas e curiosas,
podemos começar a repensar a questão dos presidiários e as condições em que
eles vivem nas cadeias do nosso país, e lá não há como reformar esses homens,
não há iniciativa para que eles estudem, trabalhem, ganhem o próprio sustento e
de suas famílias que ficaram do lado de fora, além de uma chance para que o
preso, ao sair, possa ter uma vida fora da criminalidade, recuperar sua
dignidade e seguir em frente, com novos valores e conhecimentos.
Depois do episódio dos 111 presos mortos na década
de 90, podemos ver que a formação de facções dentro dos presídios está cada vez
maior e cada vez mais perigosa, tendo em vista a quantidade de assassinatos de
policiais no ano de 2012, isso em São Paulo, além do que já vemos em outros
estados como o Rio de Janeiro, por exemplo, que tem a formação do comando
vermelho desde fins da década de 70.
Vivemos de resquícios mal feitos da nossa ditadura,
dos governos anteriores, como do próprio Getúlio Vargas, de épocas imemoriais
em que tudo se resolvia (ou se revolve?) na
porrada. O que nos gera problemas
gigantescos, que vemos em todos os dias nas nossas vidas. Principalmente para
quem mora na periferia de São Paulo.
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