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12 de fev. de 2013

O retorno do Jovem Príncipe: a maêutica no estilo de Sócrates



Por Laura Lucy Dias
Imagem retirada deste Link
O livro conta a jornada do narrador, que está em primeira pessoa, a partir do momento em que encontra o jovem príncipe deitado à beira da estrada rumo à Patagônia. O garoto voltou à Terra para procurar o aviador e perguntar o motivo de ele ter-lhe dado uma caixa na qual não cabia um carneiro. Fato que ele descobriu apenas depois de ser elucidado por uma erva daninha que tinha uma foto de um garoto com um carneiro de verdade. Ele acabou por perder sua alegria e deixar de cuidar de seu planeta e de sua rosa, até resolver voltar e perguntar o motivo de o aviador tê-lo “enganado”.
Agora observemos certos problemas da trama: o jovem não conhece algumas palavras como “problema” e “trem”, mas conhece outras como “providências” (no sentido religioso), “destino”, “inferno” e outras de conceitos mais subjetivos que as que ele desconhece. De fato se torna estranho pensar que ele é tão ingênuo em certos casos e em outros, tão maduro. Outra coisa que causa estranheza é a questão de que o narrador, homem comum - como se mostra -, ser sábio como poucos e abordar temas como “felicidade”, “polidez e amor ao próximo”, “desapego material”, etc, com ensinamentos de professor e guru espiritual.
A terceira seria a questão religiosa que é apresentada pelo cristão narrador. Não há como comparar a linha de produção do autor do original para o autor da obra inspirada no original.
De fato o que acontece com leitores mais críticos (e que esperavam encontrar o mesmo estilo do original) é uma desconfiança das intenções do narrador. Acabou por fechar a mente do leitor não religioso, não permitindo-lhe se deleitar do prazer da autoajuda e moralização que o livro pretende.
Não há como negar que o trabalho de maêutica da personagem do pequeno/jovem príncipe, ao colocar o interlocutor a pensar em conceitos diversos em relação a si mesmo, faz com que seja despertado um entendimento profundo e interior, como o que acontecia com os alunos do filósofo Sócrates.
O pequeno e o jovem príncipe são muito diferentes, e isso não tem ligação com a questão de estar desapontado, pois sua construção foi feita de maneira diferente em cada livro. Se formos analisar a questão da realidade (discutida no início do livro), podemos entender o planetinha do garotinho, que ligado à psicologia apenas demonstra o que acontece dentro do ego infantil, limitando o mundo da criança ao EU e ignorando ao OUTRO. O jovem vem para um mundo maior, onde existe o OUTRO: Ele passa da fase inicial e evolui, para acabar na Terra como mais um humano (só que de categoria elevada).
A descaracterização das questões de imaginação e de acreditar nas coisas como uma criança acabou por desconfigurar a personagem, assim como as questões de cativar e ser responsável pelo próximo, que é a maior aprendizagem do original. Claro que são obras diferentes e com objetivos claramente próprios de cada um, mas acabamos apenas lendo um grande discurso de um homem que responde às perguntas, e percebe o quanto é hipócrita por  suas atitudes não condizerem com suas crenças, mas descobre que é muito sábio em relação à toda a teoria (ou teologia?).
Não assisti aos desenhos, por isso não há como comparar algo por aqui, porém sendo humana, com uma cultura comum e nada elevada, mas com um superego bem desenvolvido e uma desconfiança nata, deixo o link de um texto de Martha Medeiros, para contrapor a questão da confiança, só pude pensar nele depois que comecei a desconfiar do narrador.
O autor dO Retorno do Jovem Príncipe é muito bom em seu intento, o livro é agradável, nada surpreendente (como já li por aí sobre a obra), mas rápido de ler e levanta questões muito fortes, e por fim acaba por dizer: amai ao próximo como a ti mesmo.

(Algumas citações, fotografadas pelo celular, enquanto eu o lia)






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