Era um domingo e Stephanie acordava lembrando do
dia anterior em que ela e Renata foram à loja da mãe do Dennis. Com muita
preguiça, como sempre, Stephanie se levanta e vai tomar seu banho, enquanto
termina de se arrumar seu celular toca. Eram suas amigas ricas convidando-a
para ir ao Shopping, a garota ignorou constrangida por causa do fato que havia
acontecido em sua vida: a falência.
Logo depois Solange vai chamá-la para tomar café e
Stephanie se surpreende com o café da manhã preparado por ela com frutas, bolo,
pão, leite e sucos. Por fim, mais feliz depois de se alimentar, ela aceita o convite,
pega seu cartão de crédito e vai escolher a roupa mais bonita que tem para o
passeio com as amigas ricas, elas vão o shopping Ibirapuera.
Stephanie fica pensando em como vai fazer para
chegar lá, vai para o computador e faz rota de ônibus, descobrindo que vai ter
que pegar três conduções. Ela pega sua carteira e verifica se tem o dinheiro
suficiente para todas as conduções e o almoço, percebe que terá que dizer que
está de dieta ou voltar a pé, o que não é uma opção. Segundo o itinerário ela
levará cerca de duas horas e meia para chegar lá, então ela precisava se
arrumar e sair rapidamente para chegar a tempo. Ela escolhe o seu vestido Dolce Gabana preto com spike, uma meia calça arrastão e bota de
couro preta com salto 15,com uma bolsa de strass
azuis e alça de corrente prateada. A maquiagem para tal visual tinha que ser
neutra nos lábios e forte nos olhos, foi o que fez.
Já no ônibus Stephanie se sentia em uma máquina de
lavar, com pessoas sujas, suadas, mal cheirosas e pobres, mas era o que tinha
para o momento. Ela chega descabelada no shopping e corre para o banheiro, procurou
um creme na bolsa, mas não tinha então passou água nele e foi se encontrar com
as amigas ricas, na praça de alimentação. Elas estavam tomando milk Shake
quando ela chegou. Ao vê-la as meninas gritam em coro e já perguntaram de cara:
- O que houve com seu cabelo?
- Ficou tão diferente! - Gritou Lara, com um misto
de entusiasmo e de constrangimento pela amiga.
-Eu queria mudar o visual. - disse Stephanie
enquanto abraça uma por uma com um ar desesperado de quem tenta ter de volta o glarmour da riqueza.
Lorena logo fala:
-Ficou tão, mas tão...Exótico.
E em seguida Lizandra diz:
-Nossa você sumiu, o que houve? – tentando mudar o
foco do cabelo da colega.
Stephanie fica constrangida, mas logo responde:
-Meu pai perdeu tudo e tive que me mudar para Mooca.
-A entendi, então vamos às compras! – diz Lorena
com um tom alegre.
-Vamos! – todas gritam juntas, dando saltinhos
patricinhos, com dedinhos das mãos todos patricinhos com movimentos
patricísticos.
Elas passeiam por algum tempo e entram em uma loja caríssima
e de roupas importadas, cada uma mais linda que a outra e Stephanie vê uma
blusa linda, cheia de detalhes e com brilhos, o preço até que não está alto,
pois ela tem muito mais que isso de credito no cartão. Então decidi comprar a
blusa de quinhentos reais e todas se dirigem ao caixa. Ao passar o cartão de
Stephanie a vendedora diz :
- O cartão consta bloqueado.
–Mas como? Tente novamente. - responde Stephanie.
Depois de alguns minutos:
- A mesma mensagem: cancelado.
- Isso é um absurdo, essa loja é uma porcaria. Pode
cancelar essa compra, nunca fui tão, maltratada, tão humilhada!- Stephanie
responde grosseiramente fazendo drama, suas amigas ficam chocadas e saem da
loja sem efetuar as compras. As trigêmeas se compadecem e prometem nunca mais
comprar lá. Depois desse vexame Stephanie resolve ir embora, e também se
preocupa com o horário, já que voltaria de ônibus.
Ela se despede das meninas dizendo que o motorista
está chegando e enquanto ela se vai às meninas fazem comentários sobre ela,
dizendo que ela esta muito diferente:
- Vocês sabem que ela não se mudou para Mooca, não
é?
- Claro que sabemos, Lizandra. – diz Lara. – Mas o
que podemos fazer, ela nunca precisou tomar um choque de realidade, não é? Para
ela só lamentos, e fico triste por perder uma grande amiga. Agora ela é outra pessoa.
Ou está quase lá.
- Mesmo assim podemos tentar animá-la. Vamos pensar
em uma festa de aniversário para ela? Falta dois meses mesmo, então dá tempo. –
se empolga Lorena, que nunca resiste em ajudar um pobre e ainda mais se for com
uma festa.
Stephanie chega em casa com tudo já escuro. Passa
pelo bar da esquina e vê seu pai com uns caras, jogando cartas. Estranho, “ele
já tem amigos?”, ela se pergunta. Dirige-se para a casa da Solange e a encontra
na sala. Cumprimentam-se e Solange diz:
- Podemos conversar?
- Fala, estou cansada.
- É uma ótima notícia, minha querida! Eu consegui
um emprego de caixa no Rossi. Começo amanhã.
- O que é Rossi? Um banco?
- Não, Stephanie, é um mercado do bairro, ele é
grande e fica bem localizado. Tem muito movimento, e o salário é maio que um
mínimo. Agora podemos ter uma alimentação mais adequada. Quem sabe até podemos
ir ao Brás comprar umas roupas novas depois de nos estabelecermos melhor aqui.
- Mas... o que é Brás? Aquele bairro de roupas
baratas feitas por Coreanos escravizados? Ah, meu Deus! – Stephanie sai
correndo e chorando para o quarto. Passa muito tempo na cama borrando os olhos
e com pensamentos suicidas. Ou não, ela na verdade é muito melhor que isso: tem
pensamentos assassinos. Pega seu diário e começa a escrever:
“Querido
diário,
Preciso
te dar um nome... Hoje encontrei as trigêmeas. Não consegui me sentir em casa,
apesar de tentar ao máximo. Parece que estamos muito distantes, elas parecem
diferentes. Acho que foi por eu ter ficado... como dizer... ah, sejamos
sinceros: pobre!
Tentei
passar meu cartão de crédito e ele está cancelado! Como meu pai pôde fazer
isso? Amanhã ele vai ter que me explicar direitinho. Andei de ônibus por mais
de seis horas hoje e ainda tenho que ouvir da Solange que vamos fazer compras
no Brás com seu salário do novo emprego. Adoro a Solange, mas ela é tão
ingênua, tem um espírito de pobre mesmo!
Acho
melhor me preparar para dormir. Até amanhã
Steph.”
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