Stephanie segura um porta retrato com a
foto do seu aniversário de treze anos. Seus cabelos louros e sedosos descendo
em cachos até a cintura, seu vestido caríssimo da LOUIS VUITTON, cheio de
bordados e pedras preciosas, todo cor de rosa.
Agora ela não era mais assim. Sentia-se
como outra e tinha que mostrar para o
mundo o que sentia.
Ela chegará do cabeleireiro onde repicou
o cabelo até os ombros e tingiu. Cor da
tinta escolheu pelo nome: Azul Platinado. Era assim que se sentia, Metalizada.
Estava sentada no sofá barato da
Solange, com os pés no estofado. Observava agora ao seu redor, a casa era velha
e precisava de reforma. Depois que a madrasta mudou para mansão, aquele lugar
ficou fechado, são oito anos de abandono.
Paredes e móveis deprimentes, tudo tão
pequeno e úmido, era como uma caverna .Era isso, agora ela era uma Neandertal.
Em
meio a estes pensamentos chega seu pai
com Solange, da rua. Eles não esperavam pelo o que viam e se assustaram
com seu novo visual :
- Sua louca !O que você fez?!
Você quer apanhar?!Vou raspar sua
cabeça!- disse o pai que nunca cumpria com as ameaças.
A Solange ficou estática e apenas murmurava: Oh meu Deus! Oh meu Deus!
Stephanie explode:
-Sou louca! Faço o que eu quero!
Eu não sou ninguém !A culpa é toda sua!
Sai e vai para o seu novo e indesejado quarto.
Um Cubículo escuro, com sua cama e um
guarda-roupas pequeno e velho e uma penteadeira mas velha ainda e do qual
deixava seus livros e o notebook, itens
que conseguiu salvar.
Na sala a Solange estava desolada,
pensava em seu passado pobre. Voltar para aquele lugar fez com que ela se
sentisse mal.
Carlos continuava a esbravejar , mas ela não o ouvia , até que
ele a chamou. Ao voltar a realidade ela percebe o drama e tenta acalmar o seu
amado:
- Carlos meu amor, isso só aconteceu
pelo fato de ela ser mimada. É só uma fase , logo passa.
-Essa menina não tem coração, e
desajuizada. Já não basta tantos problemas e ainda isso! Ela quer me matar!-
Carlos gritava para que Stephanie ouvisse.
Solange
se levantou e foi preparar um lanche:
- Vamos
comer Carlos, estamos a muito tempo sem comer, na rua. Tentando resolver
tudo isso.
-Eu não sei o que faria sem você, meu amor. Obrigada por
ceder sua casa .- resignado e frustrado diz Carlos.
Sua esposa lhe dá um beijo mais terno possível e ambos vão para a
pequena cozinha.
*****
Muitas horas se passam e Stephanie fica
no quarto, quando ela, ainda com seus olhos cheios de lágrimas e com um olhar
de revolta escuta seu pai lhe chamando:
- Filha vem comer, fizemos o jantar.
Venha, por favor.
Ela, com muita raiva, responde
grosseiramente:
- Não quero não estou com fome!
Seu pai, muito preocupado, fala:
- Mas filha, você não come nada faz
muito tempo, venha comer.
Com mais raiva ainda ela diz:
- Já disse que não quero! Eu não estou
com fome! Eu não quero essa comida de pobre!
Mas na verdade ela está com fome, e o
cheiro – mesmo que diferente do que ela esteja acostumada – acaba sufocando-a.
Quando Stephanie sai do quarto escuta que seu pai contar a sua amada que lhe
matriculou na escola J.O.D.E . Stephanie se revolta e começa a gritar com seu
pai:
-Como você me trocou de escola? Sem me
perguntar se eu queria ou não ?!
-Mas filha, eu não tenho como pagar a
sua antiga escola. Desculpe-me.
-Não interessa isso já e problema seu,
eu não vou estudar nessa escola aí, não adianta! Foi você quem quis isso, e não
eu!
-Mas meu amor, você não está exagerando
um pouco? Você não sabe como é nesta nova escola e nem se você vai gostar ou
não.
-Eu não quero saber, pai! Eu não vou
gostar! Eu já sei disso!
O Carlos já estressado com a filha diz
firmemente:
-
Stephanie, chega de frescura! Você já está exagerando, você vai para essa
escola sim, e vai fazer o que eu mandar enquanto você estiver sobre a minha
guarda!
Stephanie com seus olhos cheios de
lágrimas e muito revoltada, responde:
-Mas pai eu... – no que ele a
interrompe:
-Mas pai nada, vá para o seu quarto
agora.
Stephanie entra no quarto e senta na
cama, sobre a penteadeira tem uma agenda que era da escola antiga, com emblema
e tudo mais. Ela a pega, ainda estava em branco, pois não era acostumada a usar
agendas. Então procura a data de hoje. Uma lágrima cai,e Stephanie começa a
escrever:
“Querido diário...”
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